![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhufvY3uAE4pBTYwXUuH1P7eupBm35rUCgzW3xx8yt0OMciojGSk28295d2Vp-KF1OfyWAG77gL8l4EGRqJIoViaUC4K9ad2uKPcJXj33P65OWGDkckwTDEUB8ssskScudMG_1bxBlUXGY/s400/twilight-1.jpg)
Depois de encarar o choque - e gravar em minha memória imagens e sensações que talvez demorem anos para esmaecer -, fugir passou constantemente a me parecer uma opção atraente.
Não exatamente fugir da responsablidade - aquelas coisas das quais outras pessoas dependem, como trabalhar, servir de motorista entre as intermináveis visitas ao médico, ou sorrir mecanicamente para qualquer tentativa de contato com outros seres humanos.
Mas fugir de pensar no assunto, de remoer o presente e tentar definir o futuro em meio à névoa espessa que paira frente a meus olhos - ah, isso começou a se tornar tão atraente quanto... minha marca pessoal de heroína.
A analogia já diz tudo: em menos de 10 dias, passei de crítica ferrenha a praticamente mais uma personagem no universo da sensação adolescente do momento - Crepúsculo (ou Prepúcio, como insiste em chamar um dos meus irmãos). Há dois fins de semana, baixamos o filme e eu assisti três vezes. Quatro dias atrás, comprei os dois primeiros livros da saga - foram quase 800 páginas devoradas em menos de 48 horas. Dois dias depois, rendi-me ao impulso e completei a coleção: o DVD duplo, os dois últimos livros. O filme no iPhone e a trilha em loop no iPod.
De alguma forma, transportar-me para um universo onde vampiros são ricos, belos e protetores; onde lobos são divertidos e ardentes; onde pais e mães gozam de perfeita saúde... onde a protagonista tem sentimentos a respeito de si própria tão parecidos com os meus - pouco valor, uma descoordenação física patológica, muita introspecção escondida embaixo de toneladas de sarcasmo, quase ou nenhuma sensação de merecimento e, ocasionalmente, pensamentos suicidas... de alguma maneira doentia, isto proporciona algumas lufadas de sanidade entre minhas tentativas desesperadas de respirar a realidade - aquela na qual me faltam pulmões e coração, e as bordas da ferida provocada pelo buraco no peito não param um segundo sequer de queimar.
Olhando por um lado mais cético sei que, da mesma forma em que me demorei semanas vivenciando puro desprendimento ao ouvir Liz on Top of The World, da trilha de Pride and Prejudice, ainda me prenderei algum tempo à dor, resignação e esperança contidas na melodia simples de Bella's Lulaby.
Para quem não conhece, vale a pena escutar.
Essa noite, no entanto, tive meu primeiro pesadelo. Parece que o tempo corre contra mim. Estou a 2/3 do fim do último livro. Em dois dias estréia o segundo filme. Vejamos até onde o escudo vai.
E só para constar - apesar de morrer de amores pelo Edward, estou sempre tendendo um pouquinho mais pelo Jacob, como uma ironia secreta me dizendo que a vida nunca vai chegar perto de ser perfeita.