31 de dezembro de 2008

2009!

28 de dezembro de 2008

Marley &... Tilt

Acabo de chegar do cinema, onde fomos assistir ao blockbuster natalino Marley & eu. E por incrível que pareça, o que era pra ser mais um filme levinho de tarde de domingo deu um verdadeiro tilt no meu juízo.

Por parecer ser meramente divertido, Marley & eu começa levando a gente no bico. E você vai se colocando no lugar daquele pessoal: vendo um Owen Wilson muito mais centrado após a tentativa de suicídio, a Jennifer Aniston tentando ser mãe - quando todo mundo sabe que o Brad Pitt a deixou justamente porque ela não queria filhos. Vendo um jornalista tentando ser alguém na vida enquanto anda num carro que mais poderia ser uma lata de sardinha. Vendo as coisas acontecendo, a família crescendo, as pessoas amadurecendo e o tempo passando.

Mesmo se tratando dos EUA, a terra da prosperidade, e ainda por cima retratada por Hollywood, a fábrica da fantasia, é interessante fazer o exercício de observar o crescimento - ascensão até - da família Grogan. De uma casinha branca sem porta nem tranca para uma propriedade maravilhosa no meio do campo, é bom sentir que a vida anda sempre para a frente, ainda que seja só ficção e não se saiba o que vai acontecer com a nossa própria vida daqui a duas horas.

E no final... obviamente, me acabei de chorar. Marido, cada dia mais esperto nas minhas manhas, já estava com um lenço a postos ao sinal das primeiras lágrimas. Rapaz esperto. O filme acabou, os créditos subiram e ficou em mim uma sensação de vazio. De futuro para preencher.

E aí é que chego na parte crucial: pela primeira vez na vida, pensei no futuro. Mas não do jeito
tradicional, "o que quero comer amanhã". De um jeito inédito, do tipo "quero ou não ter filhos",
"precisamos comprar um carro", "vou mesmo investir em educação para em 10 anos ter uma situação muito melhor". Jenny Grogan tinha uma lista. Até hoje, eu não fazia idéia que precisava de uma.

Ui...

Marley & eu. Deu tilt, mas acho que foi para o bem. Mais um para a minha lista de filmes que preciso ter.

25 de dezembro de 2008

Ho, ho, ho


A todos os queridos a quem NÃO desejei Feliz Natal:

Que todos os dias pela frente sejam de tardes ensolaradas e calmas, com gostinho de paz, amor e compaixão. Que seus lares e de seus familiares sejam visitados três vezes ao dia (pelo menos!) pela saúde, e que a vida seja vivida de uma forma que valha a pena.

Sejam felizes.

Eu estou SEMPRE tentando.

Mr. Darcy


Plagiando Bridget Jones, "eu sou, sempre fui e sempre serei" apaixonada pelo Mr. Darcy - seja lá qual ele for, o cidadão impersona meu ideal romântico de homem (e cá entre nós, consigo inclusive ver muito de Marido no jeitão desconfiado dele).

E não é que ganhei Mr. Darcy de presente de Natal?

Happy mode on.

\o/

24 de dezembro de 2008

Retrospectando

Filme do ano: Wall-e
Música do ano: Bola de Meia, Bola de Gude
Emoção duradoura: O show do 14 Bis
Eu agradeço por...: Meus pais
Descoberta: Julieta Venegas
Em 2008 eu não queria...: Ter engordado sete quilos
Em 2008 eu queria e não...: Comecei a me exercitar
Em 2009 eu vou: Pensar antes de falar


...e não é que 2008 foi um ano bom?

21 de dezembro de 2008

Resenha também é cultura


Acabamos de assistir PS. Eu te amo. E cá entre nós - não sou nenhuma crítica de cinema, mas consigo dizer com propriedade que o filme é UMA BOMBA. A história é linda, mas a direção é fraca - e a coisa toda fica parecendo um longuíssimo episódio de Friends meets Gilmore Girls. A única coisa que se salva é a cara de safado do Gerard Butler. Fala sério...

No final, ficaram dois gostos ruins na boca. Um, de filme mal resolvido. O outro por ter sido lembrada que um dia nossos queridos ir-se-ão (como se precisasse).

Putz.

15 de dezembro de 2008

General update


  • Fomos pra praia - e foi lindo, exceto quando foi tragicômico;
  • Temos oito rosas multicoloridas na janela - e ainda mais por abrir;
  • Minha gérbera murchou, mas deixou um monte de sementes como presente de despedida;
  • Meu papai e minha mamãe estão com saúde - na medida do possível.
E a vida continua, quente e calma...

"Tenho um sorriso bobo, parecido com soluço
Enquanto o caos segue em frente
Com toda a calma do mundo."

ou...

Você verá que é mesmo assim
Que a história não tem fim
Continua sempre que você
Responde "sim"
A sua imaginação
A arte de sorrir
Cada vez que o mundo
Diz "não"...

Você verá
Que a emoção começa agora
Agora é brincar de viver...

Não esquecer
Ninguém é o centro do universo
Assim é maior o prazer..

Você verá que é mesmo assim
Que a história não tem fim
Continua sempre que você
Responde "sim"
A sua imaginação
A arte de sorrir
Cada vez que o mundo
Diz "não"...

E eu desejo amar
A todos que eu cruzar
Pelo meu caminho
Como eu sou feliz
Eu quero ver feliz
Quem andar comigo...

Vem!
Agora é brincar de viver!
Agora é brincar de viver!...

5 de dezembro de 2008

Auto-refletindo-me a mim mesma (ou Na companhia da minha própria pessoa)


Hoje lembrei porque sou tão arrogante, metida a sabichona e over-crítica com Deus e o mundo. Quem mais foi condicionada a ter que fazer tudo perfeito, sob pena de ouvir horas e mais horas de críticas (que, hoje em dia entendi, vêm de qualquer jeito - sempre há um motivo para se reclamar de algo).

Senhoras e senhores, eis a história da minha infância e adolescência em uma música:

Perfect
Alanis Morissette

Sometimes is never quite enough
Às vezes nunca é suficiente
If you're flawless, then you'll win my love
Se você é infalível, aí sim vai ganhar meu amor
Don't forget to win first place
Não esqueça de ficar em primeiro lugar
Don't forget to keep that smile on your face
Não esqueça de manter o sorriso no rosto

Be a good boy
Seja um bom menino
Try a little harder
Tente com mais afinco
You've got to measure up
Você tem que se organizar
And make me prouder
E me fazer mais orgulhoso

How long before you screw it up
Quanto tempo até você cagar tudo?
How many times do I have to tell you to hurry up
Quantas vezes eu vou ter que te dizer pra se apressar?
With everything I do for you
Com tudo o que eu faço por você
The least you can do is keep quiet
O mínimo que você pode fazer é ficar quieto

Be a good girl
Seja uma boa menina
You've gotta try a little harder
Você tem que se esforçar mais
That simply wasn't good enough
Isto simplesmente não foi bom o suficiente
To make us proud
Pra nos fazer orgulhosos

I'll live through you
Eu viverei através de você
I'll make you what I never was
Eu farei de você o que nunca fui
If you're the best, then maybe so am I
Se você for o melhor, talvez eu também o seja
Compared to him compared to her
Comparado a ele, comparado a ela
I'm doing this for your own damn good
Estou fazendo isto pelo seu maldito bem
You'll make up for what I blew
Você vai compensar todos os meus erros
What's the problem... why are you crying
Qual é o problema... porque você está chorando?

Be a good boy
Seja um bom menino
Push a little farther now
Force um pouco os limites agora
That wasn't fast enough
Isto não foi rápido o suficiente
To make us happy
Para nos fazer felizes.
We'll love you just the way you are if you're perfect
Nós te amaremos do jeitinho que você é... se você for perfeita.

4 de dezembro de 2008

Errar: é humano. Mas é uma merda

Fiz uma cagada de proporções continentais e concluí duas coisas:

1. Eu não posso ser humana, porque não suporto errar;
2. Preciso errar de vez em quando pra lembrar que todo o resto do mundo é humano - e por consequência parar de encher o saco do planeta Terra por qualquer mixaria.

Faz sentido?

Pra mim faz.

Brigada, nada, tchau.

Mais uma da série...

Morta.

1 de dezembro de 2008

Aí pronto


Tá definido: vai ser em 4 de abril.

E Deus me proteja da dor de barriga até lá.

30 de novembro de 2008

Parabéns



Saber que não sou a única pessoa louca na face da terra não tem preço.

Feliz aniversário, amiga.

27 de novembro de 2008

Obrigado mundoooooo!

Feliz dia de Ação de Graças!

E lembrem-se: agradeçam sempre ;)

26 de novembro de 2008

Porque não me deixei tentar vivê-la feliz

A cada dia que passa entendo mais que um dos meus grandes problemas é a inquietação que me lasca de corpo e alma, causada pela obsessão de FAZER TUDO CERTO.

Eu não suporto ver as coisas erradas, muito menos saber que a responsabilidade é minha - por isto estou constantemente conferindo toda vírgula, todo grão de areia, todo extrato de cartão da minha vida, para me certificar de que as coisas caminham na mais perfeita ordem.

Só que o que era apenas um perfeccionismo (moderado) acabou crescendo, inchando e fagocitando qualquer senso de noção que houvesse ao redor, até que me encontro do jeito que estou agora - inquieta 24x7, cobrando perfeição de mim (e dos outros!) e deixando passar toda e qualquer oportunidade de fazer aquelas coisas intuitivas e inesperadas que, em tempos de funk, podem ser chamadas de "coisas fora do quadrado".

...

Todo este preâmbulo quer dizer apenas que ontem, depois de mais uma vez passar o dia remoendo esta realidade, ligo a televisão enquanto cozinho o jantar e dou de cara com o MTV Unplugged da Julieta Venegas - e ela, com aqueles cílios lindos e um vestido vaporoso de fazer inveja, me esfrega na cara a seguinte canção:



Ilusión
Julieta Venegas com Marisa Monte

Uma vez eu tive uma ilusão
E não soube o que fazer
Não soube o que fazer
Com ela
Não soube o que fazer
E ela se foi
Porque eu a deixei
Por que eu a deixei?
Não sei
Eu só sei que ela se foi

Mi corazón desde entonces
La llora diario
No portão
Por ella no supe que hacer
y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque não me deixei tentar
Vivê-la feliz

É a ilusão de que volte
O que me faça feliz
Faça viver

Por ella no supe que hacer
Y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque não me deixei tentar
Viver-la feliz

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque no me dejo
Tratar de ser la feliz

Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue.

22 de novembro de 2008

O Natal vem dobrando a esquina!

Sim, fui em quem fiz :D E está grudado lá na parede da sala onde trabalho, junto de uma botinha de papai noel cheeeeia de papeizinhos com desejos do bem :)

21 de novembro de 2008

Pra quem gosta de mudar...

...que nem eu, este site é um must visit.

(não, meu cabelo não cresceu miraculosamente, é só um truquezinho de tecnologia)

16 de novembro de 2008

Um dia eu já soube escrever

Reza a lei de Murphy que quando precisamos DE VERDADE fazer uma coisa, outra opção - infinitamente mais interessante - se nos depara como num passe de mágica.

Acabou de acontecer isto comigo: enquanto lutava para parir uma análise de três teorias da administração, encontrei sem querer uma pasta com textos antigos, da época da faculdade, e pus-me a ler minha própria produção relembrando-me (ou não) das coisas de um passado não tão distante, acontecido há uns oito ou nove anos atrás.

Entre eles, encontrei o texto abaixo: prova inconteste de que o passar do tempo anda matando meus neurônios - já que criatividade assim não sai desta cabecinha oca há muitas e muitas primaveras.

O desafio era criar um texto a partir do seguinte título: Qual é mesmo a luta entre Deus e o Diabo?

===================================
- Meu nome? Tenho muitos. As pessoas me chamam de Deus, Senhor, Jeová... Você sabe, meu filho, a quem me chamar de coração, atenderei...
- Tá bom, e eu sou o Papai Noel. Jingle Bells pro senhor...

Ele, o Onipotente, o Todo Poderoso, Onipresente e todo o resto, ali naquela cadeira dura de delegacia, algemado. Se São Jorge ou seu amigo Gabriel, o Anjo, o vissem daquele jeito, Ele estaria desmoralizado para sempre no céu. E o pior: o delegado barbudo que estava lhe pregando aquela peça fora feito à sua imagem e semelhança. Até o bigode era parecido...

- Falsidade ideológica... - anotou o delegado num bloquinho de papel. - Tá bom, meu senhor, e o que o senhor alega que estava fazendo quando foi pego roubando frango naquela padaria?
- Roubando? - o réu sorriu, com placidez e um pingo de benevolência. - Não, meu filho, eu estava dando comida aos que necessitam...
- Sei. Há dois minutos o senhor era Deus. Agora é... Robin... Hood... - continuou o magistrado, enquanto anotava tudinho no bloco amarelado. - E o que mais?

Porque não ouvira o conselho de seu fiel apóstolo Pedro? Poderia muito bem ter feito um milagrezinho de nada e produzido meia dúzia de frangos para matar a fome daquele povo. Ou um panelão de feijoada... Mas não... resolveu descer e, com as próprias mãos, dar um jeito no problema...

- Meu filho, você será perdoado porque não sabe o que faz - arriscou, tentando mostrar ao delegado barbudo que, como um bom Deus, não guardava rancor. Porém, existem coisas de que até Deus duvida... O delegado foi ficando vermelho e furioso, levantou-se da mesa e deu um bofetão no bloquinho de papel.
- Olhe só, meu velho, eu aguento tudo, - gritou o oficial enraivecido - menos que me venham com esse papo de salvação. Soldado! - berrou pela janelinha que dava para a saleta ao lado. Quando um homem fardado apareceu, a resposta foi curta. - Enquadra o elemento. Desacato à autoridade.

Com um suspiro de exasperação, Deus cedeu à tentação pela primeira vez em sua longa vida, e, dando de ombros, desapareceu no ar. Chegando no céu, tirou os sapatos e sentou em seu grande trono de nuvens. Enquanto massageava os pulsos, doloridos por causa das algemas, sentiu um cheirinho de enxofre e, sem se virar, falou com o visitante.

- Veio procurar o que aqui hoje, Lúcifer?
- Nada, Deus - respondeu o diabo, alisando malandramente o manto vermelho. - Só vim pedir para dar uma olhada na sua ficha criminal...

Com uma careta, Deus jogou um dos sapatos em Lúcifer, que desapareceu com uma gargalhada que São João classificaria como "infernal".

- Em que mundo fomos parar, meu Deus?

Dando-se conta do ridículo da situação, sorriu. Deus era ele.

- Lutar contra o Diabo é fácil, mas esses meus filhos são dose!
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Nesta época eu não fazia idéia do que era a vida, mas em contrapartida poderia ser contratada como redatora do Saturday Night Live...

13 de novembro de 2008

Do coração MESMO


Querido Papai do Céu,

em primeiro lugar, quero agradecer por tudo o que tenho nesta vida. Tenho saúde, uma família linda (e ruidosa) que amo muito e uma casinha cheia de coisinhas que me deixam feliz - sem contar um maridão lindo, que tem a maior paciência do mundo com todas as minhas loucuras. E também tem o céu, as plantinhas, os passarinhos e todas aquelas coisas que o Senhor inventou e que eu curto muito mesmo...

Mas no meio dessa gratidão toda, eu queria pedir um favor - um favorzinho só, que pode fazer a diferença na minha vida e na de todos os que me cercam. Por favor, Papai do Céu, não me deixe julgar o resto do mundo com a mesma severidade com que julgo a mim mesma... O Senhor sabe porque, né?

Então pronto.
Obrigada, nada, tchau.

11 de novembro de 2008

Olhando o futuro!

10 de novembro de 2008

5 de novembro de 2008

Só um pensamentinho


Se tem uma coisa que eu não entendo, é essa gente que sai por aí bradando orgulhosamente e pra todo mundo ouvir que é jornalista.

Para mim, ser jornalista tem muito menos a ver com status do que tem com pagamento de karma.

Deus é pai


Como diz o senhor meu marido, a gente deve sacanear os amigos, porque os inimigos revidam. Com este pensamentinho em mente, a dona deste blog resolveu me lascar de cima abaixo me colocando pra ouvir a mp3 de um cidadão (padre, diga-se de passagem) recitando o seguinte texto:

Quando o sol ainda não havia cessado seu brilho,
Quando a tarde engolia aos poucos
As cores do dia e despejava sobre a terra
Os primeiros retalhos de sombra
Eu vi que Deus veio assentar-se
Perto do fogão de lenha da minha casa

Chegou sem alarde, retirou o chapéu da cabeça
E buscou um copo de água no pote de barro
Que ficava num lugar de sombra constante.

Ele tinha feições de homem feliz, realizado
Parecia imerso na alegria que é própria
De quem cumpriu a sina do dia e que agora
Recolhe a alegria cotidiana que lhe cabe.

Eu o olhava e pensava:
Como é bom ter Deus dentro de casa!
Como é bom viver essa hora da vida
Em que tenho direito de ter um Deus só pra mim.
Cair nos seus braços, bagunçar-lhe os cabelos,
Puxar a caneta do seu bolso
E pedir que ele desenhasse um relógio
Bem bonito no meu braço

Mas aquele homem não era Deus.
Aquele homem era meu pai.

E foi assim que eu descobri
Que meu pai, com o seu jeito finito de ser Deus,
Revela-me Deus com seu
Jeito infinito de ser homem.

Padre Fábio de Melo

Obviamente que eu me danei a chorar, no meio da tarde, pico do movimento, sentada na mesa de trabalho. Porque pegar pesado com pai e mãe é pra se torar - ou não é?

2 de novembro de 2008

Melhor é impossível!

Quando eu assisti este filme pela primeira vez, gostei muito por causa do humor.
Na segunda, me emocionei com a história de amor.
Ontem, pela terceira vez, fiquei tocada com o transtorno obssessivo-compulsivo do cidadão, e abismada com a possibilidade real de estar trilhando o mesmo caminho.

Digaê: não ter memória é ou não é a maior diversão?

30 de outubro de 2008

Essa sou eu

"Sei que meu olhar deve ser o de uma pessoa primitiva que se entrega toda ao mundo, primitiva como os deuses que só admitem vastamente o bem e o mal e não querem conhecer o bem enovelado como em cabelos no mal, mal que é o bom."
Clarice Lispector, Água Viva (1973).

Poeminha do desabrochar

Os céus da primavera
Cada dia mais azuis
E o meu jardim floresce.

27 de outubro de 2008

A felicidade a R$ 0,50

Tá fazendo um sol de lascar. O céu tá azulzinho e eu acabei de voltar da cidade, onde comprei um monte de jarros para as rosas, crisântemos e gérberas de meu recém ampliado jardim. A tarde está linda e... eu mencionei que está fazendo um calor de rachar?

Então hoje, só hoje que tenho aula até as 22h, fiz o impensável: comprei um raspa-raspa de morango de um anônimo ambulante. Com as mãos tingidas pela guloseima, aguardei ansiosa enquanto ele preparava o copo doce e rosa-choque - com o mesmo sabor dos picolés da minha infância, degustados em alguma viela a caminho da praia em Itamaracá.

É...

A felicidade existe.

22 de outubro de 2008

Morta.

E a semana só está na metade...

Botando fé naquele DVD de yoga para recuperar a energia psíquica (e a barriguinha também).
Tentando me recuperar de um período Dorflex-todo-dia.
Refazendo aos poucos a biblioteca que fundamentou minha personalidade (Água Viva e A hora do amor foram as primeiras aquisições. Ana e Pedro: cartas e Sabe de uma coisa? são a próxima).

Enfim...

A semana só está na metade.

20 de outubro de 2008

Só pra registrar

Eu e marido tomando chocolate no domingão de folga.

Porque eu também sou filha de Deus (e pra certas coisas existe Mastercard).

16 de outubro de 2008

À noite, todas as pretinhas são Pitanga

Um dos porteiros do meu prédio pode ser descrito como a quintessência da "figuraça". O cidadão já passou dos sessentinha e não escuta quase nada - mas insiste em trabalhar o turno da noite no escuro ("para aguçar a visão noturna", ele justifica, convenientemente sem lembrar a tarde em que precisei chutar o portão para entrar em casa).

Mês passado veio me perguntar baixinho se o dono do apartamento em que moramos é mesmo meu pai. Depois de quase dois anos vendo o senhorio visitar os inquilinos praticamente todos os dias (e em horários pouquíssimo ortodoxos, como seis da manhã e onze e meia da noite), não raro passando pela portaria com a locatária pendurada em seu pescoço, ele finalmente se deu conta da incrível semelhança de nossos sobrenomes nas correspondências (metade das minhas cartas vai para a residência do meu genitor, metade das dele chega na minha). Enfim.

A melhor de todas foi ontem. Para variar, precisei tocar a campainha algumas vezes até que ele saísse do minúsculo banheiro incrustado na portaria. Arrumando as calças, o indivíduo olhou para mim por um segundo e, ostentando um sorriso semi-banguelo, soltou a pérola: "Para mim a senhora é a cara da Camila Pitanga."

Cansada e com sono, dei uma risada com 90% de falsidade e retruquei o famoso "que é isso, só reencarnando algumas vezes para chegar lá". Continuei andando, enquanto ele insistia que às vezes chegava até a pensar que era a própria Pitanga tocando a cigarra - ignorando o fato de que dificilmente a global andaria de tênis e calça jeans folgada, descabelada e sem maquiagem, levando uma sacola de supermercado numa mão e uma pasta de clipping na outra, tentando encontrar as chaves de casa em uma bolsa comprada a R$ 20 perto da rua das Calçadas.

Insisti que, fora a cor marrom da pele de ambas e talvez um sinal perto do nariz, qualquer semelhança seria meramente fruto de drogas pesadas. Parecendo desistir do assunto, ele voltou sua atenção para dentro da portaria novamente, enquanto eu alcançava em paz a metade do caminho até as escadarias. Só na hora em que eu começava a escalar os primeiros degraus ele voltou de seu devaneio, a tempo de me fazer ouvir o grito:

"Mesmo assim eu ainda acho!"

13 de outubro de 2008

Ricos-não-FDP: catalogando uma espécie em extinção

Apenas por curiosidade (e um pouquinho de revolta), estou iniciando uma campanha na blogosfera - e para isto, preciso contar com a sua ajuda, incauto leitor. Se você conhece alguém rico (e não vale aquele amigo da sua vizinha que se aposentou com 3 salários mínimos, tem que ser RICO mesmo) e que NÃO SEJA FILHO DA PUTA, indique!

O objetivo científico da iniciativa é provar (ou não) a extinção da espécie RICO GENTE BOA, também conhecida como RGB. Será que eles ainda existem? Foram exterminados ou andam apenas escondidos nos confins da mata atlântica brasileira?

Vamos mobilizar a sociedade internética! Vamos acabar com a raça dos ricos nojentos, que além de ostentar sua grana na cara do resto da sociedade, ainda acham que é bonito humilhar os outros material e intelectualmente!

Junte-se a nós!

Quem menos!!!


A expressão é auto-significante.

O bom é saber que daqui pra diante, o dia só vai melhorar.

11 de outubro de 2008

Feliz dia das Crianças!

Eu, tentando escolher o presente deste ano (não, não ganhei o jacaré :P).

Parem as máquinas!*


Eu virei adulta (mas continuo tentando reverter o processo).

*parafraseando minha querida Branquela d'Angola.

8 de outubro de 2008

Cotidiano


Todo dia, mesma hora. Ele se arruma - veste calça de tecido e camisa social, perfuma-se com uma alfazema (como já não vê nem se sente) e penteia os cabelos com brilhantina. No bolso da camisa um pequeno rádio de pilha, contraste lindo e gritante com os modernos tocadores MP3 que hoje passam facilmente por uma caixa de fósforos (outro item altamente injustiçado no século dos acendedores e isqueiros).

Ele abre a porta do apartamento e, invariavelmente às quinze para as sete, cruza comigo nas antigas escadarias do prédio de apartamentos. Abaixa o olhar e murmura um boa-noite; o som ecoa pelas paredes cobertas de azulejos verdes. Enquanto luto contra o molho de chaves e as grades de casa, escuto-o caminhar a passos lentos até a frente do edifício. Finalmente ele toma seu lugar de hábito num combalido banco de granito, posicionado estrategicamente na penumbra.

E liga o rádio.

Ela escuta o som daquela valsa antiga - é hora. Despede-se do pai com um beijo e desce as escadas de seu próprio apartamento, encontrando-se com seu par sob uma luz suave e azulada. Naquele lugar, todos os dias são de lua cheia. Ela suspira, recosta a cabeça no ombro dele e fecha os olhos. Ele simplesmente sorri.

Até que horas os dois ficam ali, diariamente, imóveis e ouvindo valsas antigas, eu não tenho noção. O fato é que ambos têm mais de 60 anos - e todos os dias fazem tudo sempre igual.

Auto-análise é uma merda

De uns anos para cá venho constantemente me surpreendendo com o rumo dos meus pensamentos. Talvez seja o excesso de auto-reflexão, talvez a (i)maturidade, mas o fato é que hoje mesmo (finalmente) entendi o motivo da minha curiosidade - desejo até - de presenciar o fim do mundo.

Explico-me: a cada estourar de fogos de artifício, tremor de edifício ou barulho inexplicável, começo a querer acreditar que estou presenciando o armagedom, tal qual naquele filme em que o Bruce Willis salva o mundo da destruição (e a carreira do Aerosmith do ostracismo). E nessas horas sempre tenho que conter o ímpeto de sair em desabalada carreira e refugiar-me na casa de meus pais, rezando e celebrando os últimos momentos em família em uma linda cena hollywoodiana - enquanto uma chuva de meteoros transforma o planeta num naco queijo coalho no fundo da churrasqueira.

Pois é.

O que está por trás disso é trágico e, como não poderia deixar de ser, ao mesmo tempo cômico. Acontece que entendi: eu simplesmente NÃO QUERO encarar o fato de que em alguma hora, mais cedo ou mais tarde, inevitavelmente (e todos os advérbios que o valham), meus pais não vão fazer mais parte deste plano material, e eu terei que enfrentar o desconhecido sem eles. Se for para ser privada da convivência dos meus queridos velhos, prefiro que partamos todos de uma só vez, e o planeta Terra literalmente que se exploda.

Mais que isso eu não consigo explicar.

Loucura, huh?

Como diz o título deste post, auto-análise é uma merda.

A morte também.

E tenho dito.

P.S.: E mesmo que eu fosse a Liv Tyler, e tivesse o dinheiro do Bruce Willis, e fosse casada com o Ben Affleck, o veredicto seria o mesmo: que venha o fim do mundo!

7 de outubro de 2008

Perguntinha básica

Porque causa, motivo, razão ou circunstância existem pessoas que confundem simpatia com submissão?

6 de outubro de 2008

Correio elegante


Recife, 06 de outubro de 2008.

Deus?

Oi Deus, sou eu. Boa tarde pro Senhor, espero que esteja tudo bem por aí. Aqui as coisas vão bem, graças a... bem, graças ao Senhor. Teve aquela enxaqueca, mas Deus inventou o analgésico, então tudo bem.

Mas enfim, eu queria mesmo é pedir uma coisa...

ME PROTEJA DAQUELAS PESSOAS QUE SE LEVAM A SÉRIO. Tá certo?

Obrigada, viu? Qualquer coisa... é só ligar.

2 de outubro de 2008

Outro pensamentinho

Tem uma época na vida em que a gente rebola pra fazer charme.

E tem outra em que rebolar é inevitável, simplesmente pelo fato de termos ficado sentadas por mais de meia hora e as pernas não obedecerem mais ao comando "andar em linha reta".

Pensamentinho

Levei quase trinta anos para perceber que a noite do Recife é preta e laranja, e repleta de medos contidos e gritos sussurrados.

29 de setembro de 2008

Do biscoito chinês


Atingida a paz pode se entender as leis do universo e agir em harmonia com elas.

E olha que o biscoito nem era meu...

27 de setembro de 2008

Zabelê, zumbi, besouro

E só Deus sabe porque às vezes a gente se esquece do poder extraordinário da música: de aproximar pessoas, trazer de volta lugares. Em última instância, de nos fazer reencontrarmos com nós mesmos.

Ontem eu deixei a espontaneidade tomar conta como há muito não acontecia, e num espaço de doze horas descobri, comprei ingresso e estava pulando alucinadamente em um show daqueles que vale qualquer dinheiro, qualquer sacrífício, qualquer moeda de troca. Porque se descobrir novamente capaz de abrir os braços para o mundo ao som daquela galera meio-bruxa-meio-criança do famoso Clube da Esquina é experiência para quem sabe vivê-la.

Há quanto tempo eu não me entregava desta forma à vida, eu simplesmente não lembro. Gritei, pulei, aplaudi como se não houvesse amanhã. E hoje tenho a sensação de que não poderia estar mais feliz.




Há um menino, há um moleque, morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão
Há um passado no meu presente, um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra o menino me dá a mão

Ele fala de coisas bonitas que eu acredito que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amor
Pois não posso, não devo, não quero viver como toda essa gente insiste em viver
Não posso aceitar sossegado qualquer maldade ser coisa normal

Bola de meia, bola de gude, o solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança o menino me dá a mão
Há um menino, há um moleque morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão

Há um menino, há um moleque morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão
Há um passado, no meu presente, um Sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assusta o menino me dá a mão

Ele fala de coisas bonitas que eu acredito que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amor
Pois não posso, não devo, não quero viver como toda essa gente insiste em viver
E não posso aceitar sossegado qualquer maldade ser coisa normal

Bola de Meia, Bola de gude, o solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança o menino me dá a mão
Há um menino, há um moleque morando sempre no meu coração
toda vez que o adulto fraqueja ele vem pra me dar a mão

(Bola de Meia, Bola de Gude - 14 Bis)


O desafio é continuar assim, sempre e sempre, amém.

25 de setembro de 2008

Hoje


Hoje eu tava de cara feia.
Toda tensa e cheia de trabalho na cabeça.
Sabe aqueles dias em que todo mundo quer se aproveitar de você?

Quando você descobre que certas pessoas não fazem idéia do que seja "por favor" nem "obrigada", e que nunca foram ensinadas o significado de um "não", quanto mais da palavra "respeito".

Pois bem, o dia estava caminhando para uma enxaqueca.

Mas aí eu saí para almoçar - e no caminho, no meio da rua, tinha um passarinho.

Pequenininho e lindo, aboletado em um poste, no meio do emaranhado de fios.

E, a despeito do barulho dos carros e pessoas enlouquecidas com seus próprios problemas, o passarinho estava cantando. Lindamente, em alto e bom som, ele estava oferecendo seu melhor para aquele povo que só pensa em si.

Aí eu parei.

Sorri.

E amei aquele passarinho (você não tem idéia do quanto).

Don't worry
About a thing
'Cause ev'ry little thing
Is gonna be alright...

23 de setembro de 2008

Eu entrego, eu confio, eu aceito, eu agradeço

No último domingo me perdi entre fotos antigas: família, origens, história. Abri a caixa da memória e simplesmente respirei fundo, deixando a fada da lembrança fazer sua mágica. Passei com carinho por cada imagem, ao mesmo tempo revisitando todas aquelas sensações fantásticas...

De repente sinto como se pudesse estender a mão e tocar os pés de papoula de minha infância, ou sentir no rosto o frescor da brisa naquelas férias na praia.

Acho até que, fechando os olhos, consigo voltar vinte anos no tempo e ouvir novamente o zumbido alto das cigarras no verão, deitada no tapetinho outrora vermelho estendido sobre os tacos de meu antigo (e atual) quarto.

Quanto aconchego, quanta sensação de pertencer...

Uma imagem, no entanto, me chamou particularmente a atenção: eu, braços abertos, personificando a palavra leveza. Entregue ao momento, ao planeta, à vida. As preocupações poderiam até existir, mas eram outras, completamente outras. E tão irrelevantes que já se perderam no tecido da memória, apenas dez anos depois.

Foi aí que entendi que, olhando em retrospecto (expressão bonita que aprendi na biografia do McCartney), vemos o quanto nos ocupamos de tentar impedir o fluxo natural das coisas. Como na música da Legião Urbana, "tudo passa, tudo passará".

E daqui a uma década, certamente não lembrarei o que me afligia hoje - porque nada disso é importante.

Resumo da ópera: problema nenhum nos define, a não ser - é claro - que assim desejemos.

Anjos guardiões,
Seres da luz infinita,
Que o dia seja de paz,
Que a noite seja bendita!

Eu entrego os meus temores na luz divina
Eu sou um ser de luz divina
Eu irradio a luz divina para minha vida
Eu irradio a luz divina para todas as coisas
Eu envio a luz divina a todas as pessoas
Eu vivo na luz divina
Eu agradeço por todas as coisas, pessoas e por mim mesma.

22 de setembro de 2008

Zen.


Corpo e mente, mente e corpo. São engraçadas as formas pelas quais descobrimos que as duas coisas são, na verdade, uma só.

Hoje tenho a sensação de que estou acordando de um pesadelo beeeeem longo. A chegada da primavera marcou a volta de minha vida aos eixos - as flores se abriram, o sol apareceu e aparentemente os problemas que me afligiam estão mais distantes a cada dia que passa. Começo novamente a me sentir parte de um todo, rodando a favor do planeta e não contra ele. E para completar o ciclo, resolvi aposentar a sibutramina treze dias antes do previsto e me livrar de uma vez daqueles efeitos colaterais enlouquecedores - as irmãs taquicardia, tremedeira e paranóia.

Depois de tanto tempo, finalmente me julgo capaz de abraçar uma árvore e escutar a vida pulsando dentro dela.

Delícia...

Será que dura?

Ontem mais uma vez tive uma epifania. Me dei conta da minha obsessão em controlar o curso de todas as coisas deste mundo. Me dei conta de que este instinto permanente de controlar deixa escancarada uma porta para a paranóia entrar. Me dei conta que mesmo quando não há nenhum compromisso, continuo me forçando a alcançar metas inalcançáveis.

Por fim, me dei conta de que feliz é a água, que não tenta atravessar uma pedra; simplesmente a contorna.

Aleluia.

Digo e mais uma vez repito: será que dura?

Daqui a alguns anos, ao reler este texto, saberei. Por hoje, me contento em não me preocupar com isso e apenas sentir.

17 de setembro de 2008

Ah, ouvidos...

E recentemente eu constatei: para as pessoas, o ato de ouvir não tem nem de perto a importância de ser ouvido.

Ainda no embalo, também me dei conta de ter me tornado algo como o AB+ do mundo social - quando alguém quer colocar seus sentimentos para fora, imediatamente sou reconhecida como receptora universal. Mas num bom sentido, até porque eu incentivo e aprendo (ou tento) com as experiências alheias.

Enfim... uma música para os ouvidos do meu coração. Tenho que confessar, eu gosto muito da Beyoncé - exceto, claro, quando ela entra naqueles surtos hip-hop-suvaco-power.



Listen (Beyoncé Knowles/Dreamgirls OST)

Listen,
To the song here in my heart
A melody I've start
But can't complete

Listen, to the sound from deep within
It's only beginning
To find release

Oh,
the time has come
for my dreams to be heard
They will not be pushed aside and turned
Into your own
all cause you won't
Listen....

[Chorus]
Listen,
I am alone at a crossroads
I'm not at home, in my own home
And I tried and tried
To say whats on my mind
You should have known
Oh,
Now I'm done believing you
You don't know what I'm feeling
I'm more than what, you made of me
I followed the voice
you gave to me
But now I gotta find, my own..

You should have listened
There is someone here inside
Someone I'd thought had died
So long ago

Oh I'm screaming out, for my dreams to be heard
They will not be pushed aside or worse
Into your own
All cause you won't
Listen...

[Chorus]

I don't know where I belong
But I'll be moving on
If you don't....
If you won't....

LISTEN!!!...
To the song here in my heart
A melody I've start
But I will complete

Oh,
Now I'm done believing you
You don't know what I'm feeling
I'm more than what, you made of me
I followed the voice, you think you gave to me
But now I gotta find, my own..
my own...

16 de setembro de 2008

Vida...


Rezo aos anjos lá do céu
Com sua luz infinita:
Que hoje o dia seja bom
Que a noite seja bendita

Desta experiência não levamos nada - mas o que deixamos importa: boas (ou más) lembranças, aprendizado e vínculos com outras pessoas. Para mim, não adianta ser rico e ter poder quando não se dá atenção às coisas pequenas e maravilhosas da vida, como um abraço de pai e mãe, ou o azul do céu de setembro. Ninguém quer morrer sem ter comprado carro nem apartamento... indispensável para mim é entender a importância de abraçar uma árvore.

14 de setembro de 2008

Note to self


Tem certas coisas na vida que, ao contrário dos miraculosos fornos Brastemp, não são autolimpantes. Vida espiritual, por exemplo. Para manter a saúde mental em dia, é necessário cultivar o solo e arrancar constantemente as ervas daninhas.

Do fundo do pleito


Onde os fracos não têm vez, Jack Caolho, Meeeu Amiiiigo Furustreeeeco, Zé Discosta. São tantas opções que, com as eleições se aproximando e o cinismo aumentando, começo a achar que vou ter de encontrar um jeito de votar nulo. Alguém sabe como se faz isso?

Cada um com uma proposta mais factível: um vai pagar (do próprio bolso, suponho) pro povão ir de Caixaprego para a Casa de Noca pagando uma passagem só. Outro vai cobrir a cidade com o recurso indispensável (!) da internet sem fio. O afilhado do Zen-Prefeito diz que vai encher a região metro(sexual)politana de filhotes da bem-sucedida Conde da Boa Bisca. Resta Furustreco, que nem prometeu nada de absurdo até agora, mas perdeu meu voto só por ter me dado um baita susto durante meu sacrossanto horário de almoço. Ã-hã.

Ah, tinha esquecido de Maluquete Beleza, a mais divertida de todas. Ela diz que sendo eleita, ninguém vai pagar mais para andar de ônibus. Se um dono de viação não abater a mocinha até o início de outubro, com certeza um ataque epilético causado pela vinheta do astro-rei com Síndrome de Tourette daquele outro partido de extrema esquerda vai dar conta da situação.

Na verdade, a vontade era dar de cara com uma daquelas urnas de treinamento e eleger o Grande Othelo... Tenho certeza que lá de cima o rapaz conseguiria resolver a situação precária da Pompéia, ops, Veneza Brasileira. Nada que uma série de raios bem-posicionados não desse jeito.

Como diria aquele famoso CEO: Para refletir


Depois de um sábado-madame, no qual me peguei distribuindo para diversos fornecedores estratégicos - salão de beleza e limpeza de pele - algumas onças-pintadas by Casa da Moeda, me dei conta de um ponto conflituoso em minha já tão perturbada personalidade: eu não sei lidar com dinheiro.

Ao contrário do que se possa pensar, não sou uma gastadora compulsiva. Pelo ao contrário, como se diz no dialeto mobral e particular do meu círculo de amizades. Eu não sei é gastar dinheiro. Pelo menos não sem culpa.

Aparentemente meus instintos mais primitivos acreditam que dinheiro bom é dinheiro guardado - no banco, na carteira ou embaixo do travesseiro. Mesmo que seja uma grana extra, sem compromisso com nada, disponível de fato; segurança no meu planeta significa saber que aqueles belos espécimes da tribo dos reaus estão lá, me aguardando para um caso de urgência. Gastar com supérfluo então é praticamente um sacrilégio - tem o mesmo efeito de unha riscando quadro de giz. É ilegal, imoral E engorda.

Pior de tudo é saber que para me curar desta psicopatia, vou precisar vivenciar o paradoxo de deixar uma fortuna nas mãos de algum profissional da saúde mental; e no final ainda agradecer...


Trilha sonora para o making deste post proporcionada por Dormi na Praça, distinto candidato à vereança municipal cujo carro de som roda (em círculos) pelas paragens de Crossroads nesta ensolarada manhã domingueira.

12 de setembro de 2008

Tchau tchau


De dentro do carro ela deu tchau. Eu desci, dizendo 'Bom final de semana', porque a gente vai se ver segunda... Mas por um momento o tempo parou, e eu me dei conta que ela deu mesmo tchau. Deixa para trás um monte de gente doida de saudade.

Karina está, literalmente, passando dessa para uma melhor - deixa a empresa onde trabalhamos juntas por seis anos para assumir novos e maravilhosos desafios mundo afora. Mas ainda que a cabeça fique feliz pelo crescimento dela, meu coração hoje ficou pesado. Levantar na segunda de manhã vai ter um incentivo a menos.

Mas um dia terei que aprender de uma vez por todas que, como prega o budismo, a vida é feita de impermanência. E sendo esta mudança o melhor pra ela, prefiro lembrar com alegria de todos os momentos maravilhosos:

- Os almoços na Copa, mesmo de marmita;
- As leseiras pelo MSN, mesmo no trabalho;
- Os eventos realizados, mesmo de madrugada;
- Os porres no G8, mesmo com cidra sem álcool...

Então pronto: um viva para uma amizade linda, cristalina que nem a risada de Karina, tão gostosa e contagiante a ponto de produzir lágrimas.

Viva! :)

Kal, amiga querida... Nós te amamos muito! Boa sorte em tudo na sua vida, viu? Não vejo a hora de sermos quase-vizinhas.

Na high society


Quinta-feira, praça de alimentação do shopping. Horário de almoço, tudo lotado. Depois de comprar o habitual calzone e suco de laranja, me dirijo à mesa para deleitar-me com minha refeição junto às companheiras de infortúnio - digo, amigas do trabalho. Perto da terceira mordida, avisto uma cara conhecida no meio da multidão, rosto redondo, cabelos pretos e uma (perpétua) camisa azul. Depois de puxar pela memória alguns (ou muitos) segundos, percebo que estou encarando fixamente um ex-governador do Estado, atualmente candidato a prefeito de nossa esburacada capitá.

Antes do cérebro se dar conta do que está prestes a fazer, a boca (como sempre) toma o controle da situação e exclama, num nível decibélico ligeiramente elevado para se fazer ouvir pelas duas incautas acompanhantes: "Eita, Furustreco!"

A que estava de frente para mim, (in)discretamente (como sempre) olha para trás ao mesmo tempo em que pergunta "QUEM?". A do lado, muito sabiamente (como sempre), limita-se a uma verificação tácita, no máximo um "ã-hã" abafado pelo barulho da turba faminta aboletada nas mesinhas ao redor.

É aí que a coisa piora.

Aproveitando a chance para fazer piada, revivo um incidente diplomático do passado, no qual famosa cerimonialista contratada por nós demonstrou súbita e anormal intimidade com este mesmo cidadão, então vice-governador, apresentando-o em um evento ultra-formal com um sonoro "Meu amigo Furustreco!". E é justamente isso que eu repito, obviamente exagerando nas vogais para gerar um tom mais dramático: "Meeeeeeu amiiiigo Furustreeeeco!".

Como que guiado por um ebó/sexto-sentido mais apurado que aquele pirralha do 'I see dead people', o rapaz levanta a cabeça exatamente nesta hora, me avista através da multidão e esboça um sorriso.

Tum-tum, tum-tum.

O sangue em minha cabeça começa a pegar fogo, permitindo-me aproveitar o maravilhoso fenômeno da surdez momentânea - quebrado apenas pelas batidas frenéticas de meu coração.

Tum-tum, tum-tum.

Como se fosse em câmera lenta (ou em efeito bullet time, para quem é pós geração Matrix), eu vejo a mão do indivíduo levantar e balançar de um lado para outro, enquanto me olha fixamente de uns 15 metros de distância.

Tum-tum, tum-tum.

Sim, ELE DEU TCHAUZINHO PARA MIM.

Sem ter onde enfiar a cara senão um saquinho de papel com meio calzone de filé com cheddar, levanto minha própria mão e retribuo o gesto.

Desnecessário dizer que as duas acompanhantes, em meio às gargalhadas, foram tangidas por mim para fora da praça de alimentação nos segundos seguintes - mas não sem elogiar o candidato pela ótima atuação no quesito 'Leitura Labial'.

11 de setembro de 2008

Gerovital - a força da sua saúde


Eu conheço um cidadão que, do alto de seus trinta e poucos anos, tem um bordão altamente peculiar: "quando eu era jovem e tinha saúde, as coisas eram diferentes..."

E eu, que ainda nem cheguei perto da trigésima primavera, estou sendo obrigada a parafraseá-lo com mais freqüência do que gostaria. Em 90% do tempo ALGUMA COISA me dói - é a coluna, o ombro, o braço, o cotovelo. As pernas, a cabeça, o estômago e por aí vai. Na maioria das vezes as dores vêm em combo, numa versão geriátrica do McMenu: número 1, coluna e perna; número 2, ombro, braço e mão.

Mas o que vem pegando ultimamente é a ausência total e absoluta de memória. Nos cinco minutos desde que comecei a escrever isto, por exemplo, já tive que reler quatro vezes o texto para lembrar... putz, lembrar o que mesmo?

Ainda bem que Deus inventou as drogas; mais precisamente os complexos vitamínicos. E viva o Gerovital!