11 de novembro de 2011

Espelho meu


Auto-imagem.
Imagem do outro.

Hoje perdi o foco algumas vezes pensando nisto. Porque me vi instintivamente analisando o brilho de algumas pessoas, aquela qualidade que faz com que a gente queira conhecer mais. E entendi que aquela luz tem em grande parte origem em mim mesma - em como eu deixo a energia de cada um entrar.

Parei para pensar em como os outros me vêem.

Não consegui.

Tenho sérias dificuldades em aceitar qualquer opinião positiva - ainda que seja ávida em abraçar as más auto-impressões.  Então cheguei à conclusão de que teria de me bastar para fazer esta análise.

Começando pelo fato de eu não ter charme, não ser graciosa.
Pelo contrário, sou nervosa, desastrada e ligeiramente corcunda.
Minha voz é grave e anasalada. E minha risada é levemente histérica.
Estou gorda sim, isto é fato. E as covinhas em meu rosto se tornaram meio monstruosas com o passar do tempo.
Meu cabelo é diferente. De uma cor indefinida. Estranho. Engessado. E cresce em todas as direções - erradas.
Perfumes doces me fazem vomitar. E também detesto roupas delicadas e floridas.
Estou sempre de calças jeans e sapatos baixos - e com um cheiro que para mim é *muito* mais selvagem do que deveria.

Eu sou cínica. Reclamona. Negativa.

Agressiva. E falo sem pensar.

No final das contas, o que eu andei fazendo nos últimos anos?

3 de novembro de 2011

Casa nova


Tudo novo, inclusive aquela sensação chata de não se encontrar mais dentro da nova organização.

De velho, só aquele povo que insiste em pegar no meu pé quando bem entende.

#dai-mepaciência

16 de outubro de 2011

Coisa mais linda


Meu bisavô foi um dos fundadores do Santa Cruz. Não que eu saiba o nome completo do cidadão, mas esta parte da história fiz questão de decorar bem direitinho.

Um tio-avô meu era estrela do santinha nos anos 30.

Meu pai era tricolor doente.

Eu moro praticamente nos fundos do Arruda.

Lá no trabalho, minhas companheiras de labuta são todas tricolores - desconfio eu, por pura identificação com o fato do time só levar lapada.
(se fosse por essa lógica, todo jornalista devida torcer pro Íbis)

O porteiro aqui do prédio é quem me passa as informações mais quentes sobre a situação do santinha.

Sabe de uma coisa?

Hoje O MUNDO TODO É TRICOLOR.

(e seu Jairo tá dando aquela risada RÁ-RÁ-RÁ dele bem alto lá no céu)

Eu não queria, mas sou um porre mesmo

Clique na imagem para ver em tamanho original.


Daqui.

18 de setembro de 2011

Cabousse a boquinha


Enquanto os 7 quilos que me tornam redonda não sumirem, eu não sossego.

11 de setembro de 2011

Mme. Gurgel Valente, c'est moi


"Pois não posso mais carregar as dores do mundo. Que fazer, se sinto totalmente o que as pessoas são e sentem?"

"Eu procuro fazer o que se deve fazer, e ser como se deve ser, e me adaptar ao ambiente em que vivo - tudo isso eu consigo, mas com o prejuízo do meu equilíbrio íntimo, eu o sinto. [...] Passo épocas irritada, deprimida. Minha memória é uma coisa que nem existe: de uma sala para outra eu esqueço com naturalidade as coisas."

"TUDO ME ATINGE - VEJO DEMAIS, OUÇO DEMAIS, TUDO EXIGE DEMAIS DE MIM."

Clarice Lispector. Ou poderia ser eu mesma.

3 de agosto de 2011

Dois meses cinzas depois...


O céu de Recife volta a ser azul.

A pergunta é: quando será que eu vou parar de achar a vida tão longa?

28 de junho de 2011

Entender, perdoar

Ser maior que si mesmo.

Complicado mas necessário.

13 de junho de 2011

123 anos da pessoa do Fernando

    Não sou nada.
    Nunca serei nada.
    Não posso querer ser nada.
    À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

    Janelas do meu quarto,
    Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
    (E se soubessem quem é, o que saberiam?),
    Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
    Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
    Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
    Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
    Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
    Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

    Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
    Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
    E não tivesse mais irmandade com as coisas
    Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
    A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
    De dentro da minha cabeça,
    E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

    Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
    Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
    À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
    E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

    Falhei em tudo.
    Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
    A aprendizagem que me deram,
    Desci dela pela janela das traseiras da casa.
    Fui até ao campo com grandes propósitos.
    Mas lá encontrei só ervas e árvores,
    E quando havia gente era igual à outra.
    Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

    Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
    Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
    E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
    Gênio? Neste momento
    Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
    E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
    Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
    Não, não creio em mim.
    Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
    Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
    Não, nem em mim...
    Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
    Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
    Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
    Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
    E quem sabe se realizáveis,
    Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
    O mundo é para quem nasce para o conquistar
    E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
    Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
    Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
    Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
    Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
    Ainda que não more nela;
    Serei sempre o que não nasceu para isso;
    Serei sempre só o que tinha qualidades;
    Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
    E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
    E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
    Crer em mim? Não, nem em nada.
    Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
    O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
    E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
    Escravos cardíacos das estrelas,
    Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
    Mas acordamos e ele é opaco,
    Levantamo-nos e ele é alheio,
    Saímos de casa e ele é a terra inteira,
    Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

    (Come chocolates, pequena;
    Come chocolates!
    Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
    Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
    Come, pequena suja, come!
    Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
    Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
    Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

    Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
    A caligrafia rápida destes versos,
    Pórtico partido para o Impossível.
    Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
    Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
    A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
    E fico em casa sem camisa.

    (Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
    Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
    Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
    Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
    Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
    Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
    Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
    Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
    Meu coração é um balde despejado.
    Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
    A mim mesmo e não encontro nada.
    Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
    Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
    Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
    Vejo os cães que também existem,
    E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
    E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

    Vivi, estudei, amei e até cri,
    E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
    Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
    E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
    (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
    Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
    E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

    Fiz de mim o que não soube
    E o que podia fazer de mim não o fiz.
    O dominó que vesti era errado.
    Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
    Quando quis tirar a máscara,
    Estava pegada à cara.
    Quando a tirei e me vi ao espelho,
    Já tinha envelhecido.
    Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
    Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
    Como um cão tolerado pela gerência
    Por ser inofensivo
    E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

    Essência musical dos meus versos inúteis,
    Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
    E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
    Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
    Como um tapete em que um bêbado tropeça
    Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

    Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
    Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
    E com o desconforto da alma mal-entendendo.
    Ele morrerá e eu morrerei.
    Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
    A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
    Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
    E a língua em que foram escritos os versos.
    Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
    Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
    Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

    Sempre uma coisa defronte da outra,
    Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
    Sempre o impossível tão estúpido como o real,
    Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
    Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

    Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
    E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
    Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
    E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

    Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
    E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
    Sigo o fumo como uma rota própria,
    E gozo, num momento sensitivo e competente,
    A libertação de todas as especulações
    E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

    Depois deito-me para trás na cadeira
    E continuo fumando.
    Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

    (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
    Talvez fosse feliz.)
    Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
    O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
    Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
    (O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
    Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
    Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
    Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

12 de junho de 2011

Sing the changes

My changes.

http://www.youtube.com/watch?v=dM08lI6qruY


9 de junho de 2011

Ah, tá.

Agora é que entendi que enquanto meus amigos e contemporâneos comemoram o nascimento de seus filhos - os segundos filhos, diga-se de passagem - ainda estou presa tentando descobrir quem sou.

Até o momento descobri que gosto de:

- pendurar coisas no pescoço;
- casacos acolchoados;
- vinhos amargos;
- cortes de cabelo radicais;
- tatuagens;
- anéis;
- árvores;
- all star;
- espiritismo e
- remédio pra dormir.

Desconfio que não estou nem na metade do caminho.

6 de junho de 2011

Cansaço. Muito cansaço

Domingo, pôr do sol. Com a câmera do iPhone. #caodamelancolia

De trabalho, do trabalho, daquele outro trabalho.
De saber que preciso me mudar e não conseguir.
De não conseguir receber aquele dinheiro.
De ouvir gente querida colocando a culpa de suas dores nos outros.
De ver gente querida se fechando na concha.
De não ter nada interessante o que fotografar.
De morar duas horas por dia em um engarrafamento.
Do pé da embreagem viver doendo.
De ouvir vozes, aquelas vozes.

De saber que meu caminho passa por resolver caminhos outros.

Cansada, cansada.

Mais uma vez, só o Gerovital e a fé salvam.

22 de março de 2011

13 de fevereiro de 2011

WHEN I AM AN OLD WOMAN I SHALL WEAR PURPLE

WHEN I AM AN OLD WOMAN I SHALL WEAR PURPLE
With a red hat which doesn’t go, and doesn’t suit me.

And I shall spend my pension on brandy and summer gloves
And satin sandals, and say we’ve no money for butter.
I shall sit down on the pavement when I’m tired
And gobble up samples in shops and press alarm bells

And run my stick along the public railings
And make up for the sobriety of my youth.
I shall go out in my slippers in the rain
And pick the flowers in other people’s gardens
And learn to spit

You can wear terrible shirts and grow more fat
And eat three pounds of sausages at a go
Or only bread and pickle for a week
And hoard pens and pencils and beermats and things in boxes

But now we must have clothes that keep us dry
And pay our rent and not swear in the street
And set a good example for the children.
We must have friends to dinner and read the papers.

But maybe I ought to practice a little now?
So people who know me are not too shocked and surprised
When suddenly I am old, and start to wear purple.


Daqui.

1 de fevereiro de 2011

Falem à vontade. Eu PRECISO de Paulo Coelho para viver

Condições ideais

As condições ideais que você está buscando não existem.

Certos defeitos jamais conseguirão ser eliminados. O truque consiste em saber que, apesar de todos os seus defeitos, você é uma pessoa extraordinária.

Sim, você se conhece muito bem, mas procure ir além dos limites aos quais está acostumado; seja – durante dez minutos por dia – aquela pessoa que sempre desejou ser. Se o problema é inibição, force a conversa. Se o problema é a culpa, sinta-se aprovada. Se a dificuldade é sentir a rejeição do mundo, procure conscientemente atrair todos os olhares. Vai passar por uma ou outra situação difícil, mas vale à pena.

Quem consegue ser o que sonhou durante dez minutos por dia, já está fazendo um grande progresso.


http://paulocoelhoblog.com/2011/02/01/condicoes-ideais/

16 de janeiro de 2011

Bruninha e seu Noturno

Bruninha andava a pé
E achava que assim estava mal
De um ônibus pro outro aquilo pra ela era o fim

Conselho de sua mãe
Comprar um carro é compromisso total
É duro te dizer filha
Mas isso dói bem mais em mim

Bruna comprou Noturno
E passou a se sentir total
Bruninha e seu Noturno - mas que união feliz
Corria e viajava, era sensacinal
A vida em quatro rodas
Era tudo que ela sempre quis

Bruna passou a se sentir total
Com seu sonho de metal
Bruna passou a se sentir total
No seu sonho

Os Paralamas do Sucesso
Iam tentar tocar na capital
E a caravana do amor
Então pra lá tambem se encaminhou

Bu foi com seu carrinho
E deu um xô pro baixo astral
Agora tem carona
E é por isso que eu tambem vou!

Bruna passou a se sentir total
Com seu sonho de metal
Bruna passou a se sentir total
No seu sonho


Parabéns :)

14 de janeiro de 2011

Pneumonia atípica

E eu que achava que era só uma tosse.

Rá.

De vez em quando a vida prega uma pegadinha do Mallandro em você.

Ieié.

2 de janeiro de 2011

2011

Que em 2011 eu chore menos por quem já se foi
E também guarde minhas lágrimas dos feitos que quem está perto
Neste ano que inicia, quero mudar radicalmente de vida
Finalmente assumir quem sou, seja ou não isso certo

Que em 2011 eu seja a menina do rabo de cavalo
Que volte a ter poderes mágicos
Continue acreditando em premonições
E consiga atravessar distâncias aos saltos

Que em 2011 eu faça aquela cirurgia,
Ande de cabeça em pé
Saiba retribuir pancada com amor
E consiga me mudar para a cidade que me enche de fé

Que em 2011 eu tenha mais familiares e amigos
Tenha paciência e faça caridade
Consiga largar os anti-depressivos
E volte a amar caminhar pela cidade.

E por último, mas não menos importante:
QUE TUDO O QUE VOCÊ ME DESEJE VOLTE PARA VOCÊ EM TRIPLO.

Porque é como a lei wicca diz:

"An it harm none, do what thou wilt."

Blessed you all be.