Tem horas que a gente se abusa de tal forma com a vida que fica praticamente impossível dar um passo sequer pra frente.
Estou nessa fase agora: insatisfeita com o hoje e com medo do amanhã, empacada numa realidade empoeirada que não me anima em nada a sair do canto. Sem dinheiro mas tentando mudar rumos; sem diversão e precisando encher a casa de flores; sem ideias mas com vontade de trocar tudo.
Aí surge uma oportunidade de ouro, mas rodeada de tanto estresse (presumível) que a vozinha da intuição berra para sair correndo. O mais longe que dê.
Ganhei um notebook de terceira mão e enchi de adesivos de borboletas.
Quero mudar tudo de lugar dentro de casa.
Quero ser a ninja da fotografia e matar uns e outros na unha.
Preciso de férias.
URGENTE.
* O título deste post é a reprodução do que um colega de trabalho me disse há poucos minutos, quando me viu rouca feito uma grasna tentando argumentar com um gerente que - por favor - não colocasse fogo nos meu armários.
Já não sei dizer se ainda sei sentir O meu coração já não me pertence Já não quer mais me obedecer Parece que agora estar tão cansado quanto eu Até pensei que era mais por não saber Que ainda sou capaz de acreditar Me sinto tão só E dizem que a solidão até que me cai bem Às vezes faço planos Às vezes quero ir Para algum país distante e Voltar a ser feliz Já não sei dizer o que aconteceu Se tudo que sonhei foi mesmo um sonho meu Se meu desejo então já se realizou O que fazer depois pra onde é que eu vou ? Eu vi você voltar pra mim
"Sei que meu olhar deve ser o de uma pessoa primitiva que se entrega toda ao mundo, primitiva como os deuses que só admitem vastamente o bem e o mal e não querem conhecer o bem enovelado como em cabelos no mal, mal que é o bom."
Clarice Lispector, Água Viva (1973).