5 de janeiro de 2010

...is on your shoulder

Pessoalmente, eu nunca gostei muito de Hey Jude.

Talvez fosse o fato dela ter sido criada numa época nebulosa da carreira dos Beatles - o bastante para impressionar uma garota de oito anos de idade como eu, naquela época de descoberta.

Talvez fosse porque, décadas depois, eu via meu querido McCartney desperdiçando valioso tempo de seus shows com aqueles interminávels "na na na na", quando podia muito bem estar nos deleitando com pérolas insuspeitas como "Hold me Tight" ou "Peace in the neighbourhood".

O fato é que Hey Jude nunca me desceu pela goela -- até semana passada.

É óbvio que eu conhecia essa história -- já a tinha ouvido e lido pelo menos vinte vezes -- mas de repente tudo fez sentido na minha cabeça. A história em questão é um fato que Paul McCartney relata da época em que Hey Jude estava sendo composta. Tendo criado boa parte da letra e melodia enquanto dirigia para a casa da recém-ex-mulher de John Lennon, como uma forma de apaziguar o ânimo de Julian, filho do casal, ele resolveu sentar ao piano e mostrar ao parceiro de composição o que já tinha pronto.

Quando ele chegou na parte que diz "The movement you need is on your shoulder", no entanto, ele olhou de esguelha para Lennon e num movimento rápido de olhos deu a entender que sabia que aquela frase precisava ser melhorada -- tinha sido colocada ali apenas para encher o espaço vazio, de forma que fosse substituída tão logo uma coisa melhor lhe viesse à cabeça. A reação de John foi inesperada: "Mas essa é a melhor parte da música!..."

John disse que entendeu perfeitamente a analogia. No meio de uma tempestade emocional, o movimento de que a criança precisava repousava bem em cima de seu próprio ombro.

McCartney deixou a frase lá, ainda que na mesma estrofe, duas linhas antes, a palavra shoulder já tivesse sido usada. Ele costuma dizer que todas as vezes que chega nessa parte da canção, lembra de John e sua contribuição.

Finalmente a música fez um clique para mim.

O movimento que você precisa está em seu ombro.

Cara, é preciso mesmo amar os Beatles.

2 comentários:

Paulo Xaxá disse...

John, Paul, Ringo, Jorge, saiba Deus onde estiverem, obrigado pelo apoio que estão dando a esta garota :-D

Bruna Cruz disse...

heheheh Boa, Xaxá. E o interessante é que tava aí o tempo todo, né? Tem coisas que a gente só enxerga qndo chega a hora... ;)