11 de maio de 2010

set my soul alive

Tem dias em que realmente me impressiono com o efeito da música sobre meu estado de espírito. Efeitossss, na verdade, no plural - tanto de elevar às alturas como deprimir profundamente.

Em meus momentos mais sombrios, Likke Li e Bon Iver são meus companheiros fiéis - alimentando a suspeita de que tudo o que eu já tive é tudo o que haverei de ter. Nestes dias, me sinto como aquela garota que não faz muita falta, e corro para meus contos de fadas. Mas quando a chuva começa a cair no outono, me pego cantarolando que não vai demorar até eu pertencer a você - e largo um pouquinho a tristeza, sonhando em abraçar os oitizeiros que me acompanham desde a infância, a época em que a gente mirava a lua...

Aí resolvo extravasar - e me sinto deliciosamente drenada quando posso berrar que estou gritando eu te amo - mas meus pensamentos você não pode decodificar. A isto se segue uma inexplicável satisfação em imaginar o orvalho na grama, enquanto me transporto para baixo das luzes da igreja, com meu casaco de peles e meus cachos. Penso em flores. Então suspiro e minha mente voa - borboletas, óbvio.

Tudo isso para dizer que com o advento de Ringo - velho e amado carro - e seu som com suporte a mp3, a vida meio que se tornou mais fácil. E não apenas pela locomoção. É pelo simples fato de eu poder me trancar sozinha ali dentro e cantar a plenos pulmões, sem me importar com absolutamente nada nem ninguém. Só pra mim. Pra ninguém.

Então é isso. Tenho rodado muito mais do que devo - definitivamente mais do que preciso -, arriscando a combalida lataria e investindo meu magro salário em gasolina, só para viver esses momentinhos de puro enlevo.

Tanto que a música de estreia (do primeiro CD de mp3) precisava ter um sentido. E teve - junto com a Lizzie Bennett, estive no topo do mundo.

Heaven.

For now.

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