3 de janeiro de 2009

Preciso ler (ainda) mais


Quase três quartos adentro de mais um livro, me dou conta de como ler é uma parte intrínseca de minha personalidade. Com a leitura, um novo mundo se abre a minha frente - e inexplicavelmente, é o meu próprio mundo interior. A cada parágrafo vou descobrindo pensamentos esquecidos, sensações adormecidas e desejos simplesmente sufocados pelo cansaço e pela rotina, mas que nunca estiveram mortos; apenas tinham sido empurrados para lá.

A mais recente descoberta em meu mundo literário é Comer, Rezar, Amar, de Elizabeth Gilbert. E o reencontro se deu com o seguinte trecho:

Como a maior parte dos humanóides, carrego o fardo daquilo que os budistas chamam de "mente de macaco" - pensamentos que pulam de galho em galho, parando apenas para se coçar, cuspir e guinchar. Desde o passado remoto até o futuro desconhecido, minha mente fica pulando a esmo pelo tempo, tendo dúzias de idéias por minuto, descontrolada e sem disciplina. Isso, em si, não é necessariamente um problema; o problema é o apego emocional que acompanha o pensamento. Pensamentos felizes me tornam feliz, mas - vupt! - com que rapidez torno a me prender a preocupações obssessivas, estragando a felicidade; e então basta a lembrança de um momento de raiva para eu começar a ficar exaltada e brava de novo; e então minha mente decide que aquela pode ser uma boa hora para começar a sentir pena de si mesma, e a solidão não demora a chegar. Afinal de contas, você é o que você pensa. As suas emoções são escravas dos seus pensamentos, e você é escravo de suas emoções.

O outro problema de toda essa pulação pelos galhos do pensamento é que você nunca está onde está. Você está sempre remoendo o passado ou especulando sobre o futuro, mas raramente pára no momento presente. É um pouco como o hábito da minha querida amiga Susan, que - sempre que vê um lugar bonito - exclama, quase em pânico, "Que lindo isto aqui! Quero voltar aqui um dia!", e preciso lançar mão de todo o meu poder de persuasão para tentar convencê-la de que ela está lá. Se você estiver buscando a união com o divino, esse tipo de oscilação para frente/para trás é um problema. Existe um motivo pelo qual Deus é chamado de presença - porque Deus está bem aqui, agora. O presente é o único lugar onde se pode encontrá-lo, e o agora é o único momento.

Porque ontem, enquanto me entregava às mãos habilidosas de uma massagista a quem costumo carinhosamente me referir como Eleanor Abernathy, não conseguia deixar de pensar em como aquela massagem de corpo inteiro era legal, e que eu deveria voltar lá para mais uma seção. Obviamente, saí de lá mais tensa do que entrei, muito devido ao fato de que uma ansiedade avassaladora tomava conta de mim a cada membro do corpo que ela deixava para trás, me fazendo enrijecer o pescoço enquanto pensava "agora sim, está mais perto do fim".

Estou achando que quatro meses em um ashram indiano me seriam úteis. Ou talvez um ano.

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