8 de setembro de 2008

Espanando a poeira

Quase um ano depois, uma coincidência me relembrou da existência da blogosfera. Explico-me: chegando em casa numa preguiçosa tarde de domingo, me deparo com a exibição - num canal que normalmente nunca assisto - da versão cinematográfica de um dos meus livros preferidos: Cyrano de Bérgerac.

Com a suspeita cada dia mais forte de que sou uma versão de saias (a bem da verdade, calça jeans) do narigudo gascão, tentei e tentei e tentei puxar da memória um trecho da saga de Cyrano que rabisquei em todos os livros e cadernos do segundo grau... Até que me dei conta de tê-lo publicado, há alguns anos, no meu recém abandonado blog:

"Repara em mim, Le Bret! Repara a que distância
Me deixa da ventura esta protuberância!
Oh! Não tenho ilusões! Contudo, reconheço
Que, numa tarde azul, às vezes me enterneço;
Entro n'algum jardim que o tempo aromatiza;
O meu nariz fareja abril que se matiza.
Sob um raio argentino o meu tristonho olhar
Segue um casal feliz. E ponho-me a pensar
Que essa faixa de lua etérea me convida
A levar pelo braço uma mulher querida.
Eu me exalto... eu me esqueço... e, quando menos penso,
Vejo, em sombra, no muro, o meu nariz imenso!..."

Edmond Rostand. Cyrano de Bérgerac, ato I, cena II.

Foi quando me deparei com textos antigos, e me lembrei do quanto é terapêutica a atividade do escrevinhar - não aquela pela qual sou remunerada, mas a que coloca no papel confissões íntimas e epifanias fugazes...

Cá estou, determinada a continuar a jornada e - é mister declarar - deveras agradecida ao Eurochannel (ou Eurokennel, como costuma dizer uma pseudo-modelo-manequim-atriz-BBB cujo nome já deve ter se perdido na memória coletiva - pelo menos na minha já era, garanto).

Que seja de bom proveito.

Um comentário:

BETA FERNANDES disse...

EBAAAAA... Bem vinda de volta, Florzinha ;-)
Escrever e, sem duvida, uma GRANDE terapia... Lava a alma mesmo.

Fica com Deus